Por muitos anos acreditei não ser capaz de ser mãe. Me assustava a ideia de ter que abrir mão de meus ideais em ser a profissional perfeita, a mulher perfeita, a filha perfeita… vivia presa na expectativa de ser melhor do que era e isso significava ser mais dotada de conhecimentos, de posses, de méritos e de reconhecimento… estava completamente mergulhada no meu ego e cega pela vaidade de ser bem sucedida na vida.
Meu foco era sempre no que ainda faltava para que eu me sentisse mais satisfeita com meu próprio desempenho. Vivia estressada, ansiosa, cheia de doenças que somatizava – sinusite, rinite, alergias, dores nas costas, pressão alta.
Até que após ter feito uma cirurgia para tratar focos de endometriose que me impediam de ter uma boa qualidade de vida, contrariando um laudo médico onde a perspectiva era de um ano de tratamentos com hormônios para evitar novos focos e tratar a permeabilidade dos órgãos afetados, fui surpreendida por minha primeira e única gravidez.
Eu engravidei sem planejar, sem esperar, sem projetar essa expectativa. E assim que soube, muitos sentimentos vieram à tona: como seria minha vida dali para frente? Minhas metas profissionais e tudo o que gostaria de fazer antes de ter um filho. Eu perderia a ascensão profissional? E as viagens que ainda gostaria de fazer? Será que meu relacionamento suportaria a chegada de uma criança?
Quando a ficha realmente caiu, agradeci ao Criador pela nova experiência. Aprendi a cuidar da minha alimentação, curtir as mudanças do meu corpo, respeitar os meus limites físicos e, acima de tudo, aprendi a viver esperando o momento certo para as coisas acontecerem.
A maternidade foi o melhor aprendizado da minha vida.
Me transformou, me tornou mais humana e me ensinou a ter equilíbrio entre as áreas da minha vida.
Com certeza foi o meu primeiro passo para o caminho do autoconhecimento.
E o Criador foi ainda mais generoso comigo: me deu a oportunidade de conviver e aprender todos os dias com um ser humano que trouxe consigo a capacidade de respeitar as pessoas e suas diferenças, de ter compaixão, de contribuir com o outro espontaneamente e principalmente ser feliz através de coisas simples da vida.